Reconhecimento e respeito mútuo as individualidades
Bem, você que me acompanha já deve ter percebido que sou fã de Etienne rsrs (e sou mesmo).
Mas, hoje começo falando do seu grande amigo, Montaigne, filósofo francês, que conseguiu resumir a essência de uma amizade autêntica e verdadeira com Étienne de La Boétie em uma frase simples, mas profunda: "Parce que c'était lui, parce que c'était moi" ("Porque era ele, porque era eu"). Ele descrevia assim a força da conexão entre os dois, algo que não precisava de explicação ou justificativa, mas que era baseado no reconhecimento e respeito mútuo das suas individualidades.
Eu poderia parar por aqui, pois o parágrafo acima já resume a essência do que considero o alicerce para relacionamentos saudáveis, que é o respeito às individualidades.
Essa visão de Montaigne nos oferece uma poderosa lição sobre como podemos lidar com nossos relacionamentos no mundo moderno, tanto na vida pessoal quanto no ambiente de trabalho. A aceitação das individualidades, o reconhecimento das diferenças e a construção de confiança são os pilares para relações mais maduras e menos conflituosas.
Vamos explorar como esses princípios podem ser aplicados no nosso dia a dia, promovendo ambientes mais saudáveis, colaborativos e inovadores?
Montaigne valorizava sua amizade com La Boétie pelo que ela era, sem a necessidade de justificar ou modificar o outro. Esse princípio de aceitação é central para qualquer relacionamento saudável, tanto pessoal quanto profissional.
No ambiente de trabalho, muitas vezes há a pressão para que as pessoas se ajustem a expectativas padronizadas ou a papéis que não respeitam suas singularidades. Isso pode resultar em frustração, falta de engajamento e, eventualmente, conflitos. Quando as pessoas sentem que suas individualidades são respeitadas e valorizadas, elas são mais produtivas e engajadas.
Imagine uma equipe onde cada pessoa trabalha a partir de suas habilidades e estilos únicos. Um funcionário com um perfil analítico assume responsabilidades de planejamento e estruturação, enquanto outro, com um perfil mais criativo, trabalha em ideias inovadoras. Essa divisão não apenas otimiza o desempenho, como também reduz os atritos, já que cada um pode contribuir com o que faz de melhor.
A beleza das diferenças
A amizade de Montaigne e Étienne era baseada em uma conexão que transcendia as diferenças, revelando que a diversidade pode ser uma fonte de força e não de divisão.
No ambiente profissional, as diferenças entre as pessoas são muitas vezes vistas como obstáculos. Mas, na verdade, quando aceitamos a diversidade como uma oportunidade, conseguimos encontrar soluções mais criativas e inovadoras.
Uma maneira de visualizar isso é pensar em uma orquestra. Cada instrumento tem um som distinto, e é exatamente essa variedade de sons que cria a harmonia (gosto desse exemplo, pois já participei de uma orquestra). No ambiente de trabalho, quando cada indivíduo é respeitado em sua singularidade, o resultado é um trabalho mais rico e colaborativo.
A confiança como base para a maturidade dos relacionamentos
Confiança é um dos pilares centrais para que qualquer relacionamento – seja pessoal ou profissional – se desenvolva de forma madura e sem conflitos. Montaigne e Étienne tinham uma relação de total confiança, o que permitia que suas diferenças fossem acolhidas em vez de gerar fricções. No ambiente corporativo, a confiança é igualmente fundamental para que as equipes operem de maneira eficaz e sem tensão desnecessária.
Em um ambiente onde há confiança os indivíduos se sentem mais à vontade para compartilhar ideias, fazer críticas construtivas e colaborar, pois sabem que suas intenções (aqui tem uma chave importante) não serão mal interpretadas. A falta de confiança, por outro lado, gera ambientes onde as pessoas são menos propensas a se arriscar ou a colaborar.
Lembro de uma ocasião (não faz muito tempo), eu estava gerenciando um projeto e fui chamado para uma reunião de última hora para receber uma missão de entregar um grupo de funcionalidades de um APP em um curto espaço de tempo. A ação que foi tomada contou com a participação de todo o time, pois tivemos que integrar duas equipes num total de 25 pessoas com diferentes funções e comportamentos, mas todas focadas para o mesmo objetivo. A confiança entre os membros da equipe foi fundamental para alcançarmos os resultados, eles se sentiram confortáveis para compartilhar ideias e assumiram responsabilidades sem medo de críticas. A entrega foi um sucesso!
A famosa frase de Montaigne – "Parce que c'était lui, parce que c'était moi" – revela o poder do respeito à autenticidade e à individualidade nos relacionamentos. Seja na vida pessoal ou no trabalho, a aceitação das diferenças, o cultivo da empatia e a construção de confiança são fundamentais para criar conexões verdadeiras e duradouras.
Pense bem
No mundo moderno, onde as interações se tornam cada vez mais complexas e exigentes, essa lição filosófica de Montaigne pode nos guiar na criação de ambientes mais saudáveis, inovadores e colaborativos. Ao aplicar esses princípios, podemos reduzir os conflitos e fomentar relações mais maduras, onde cada pessoa pode ser plenamente quem é, sem medo de julgamentos ou pressões externas.
Construir relacionamentos mais autênticos e saudáveis hoje, respeitando as individualidades e promovendo a confiança em suas interações é uma jornada que vale a pena, bora?




